quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Até a vitória

Lembro do tempo das vacas magras. Não que agora elas estejam muito gordas, mas já foram beem magrinhas. Eu perambulava entre lançamentos e novidades em uma livraria no centro de Salvador. Recordo-me, em especial, de dois livros. Um era denominado “Cuba por Korda”. Neste, o autor, Alberto Korda, fotógrafo publicitário, acompanhou Fidel, Raúl, Cienfuegos, Guevara e compahia, nas montanhas da Sierra Maestra, durante a revolução cubana. Outro, “O Dicionário do Pensamento Marxista”, uma coletânea contendo autores, terminologias e teorias dessa corrente do pensamento que, pra minha sorte ou azar, abracei. Folheei, folheei, folheei mais um pouquinho. Se o governo cubano e o marxismo eram (ou são) caminhos para a humanidade, isso eu nunca soube dizer. Mas, de uma coisa eu estava certo: dinheiro que era bom eu não tinha para comprar os benditos livros. O tempo passou e, utilizando uma acepção (bela palavra, não?) marxista, eu diria que as condições materiais em que eu vivia sofreram profundas alterações. E eis que, algum tempo depois, lá estava eu de volta, com din-din no bolso e a ideologia demodê dos “combativos companheiros” na cabeça. Os livros, estes não mais estavam nas prateleiras. Porém, Hei de encontrá-los, pero sin perder la ternura jamás.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O encontro de Leidiane e Capitu em Piatã

Perto da minha casa reside o lendário seresteiro Júlio Nascimento, que, na minha singela opinião, é o melhor cantor de música brega do Brasil. Suas músicas falam sobre garimpeiros traídos, mulheres ingratas, cabarés, prostitutas, cachaça e todos os elementos que compõem o imaginário corno nacional. Outro dia sonhei que encontrava, em frente à casa do Júlio, ninguém menos que o aclamado Joaquim Maria Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras e influência presente nos meus textos. Lá estava eu, emocionado, apertando a mão do “Bruxo do Cosme Velho”, como é conhecido. Qual a relação entre Júlio e Machado? Acredito que nenhuma. Mas essa é a graça do subconsciente: tornar possível o impossível. Subverter a realidade. Quiçá seja essa uma das funções da arte. Fazer-nos sonhar para além das fórmulas matemáticas.