segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Afrodite’s

Moro num bairro tradicional. Sou de uma família igualmente tradicional e cursei uma faculdade no intuito de manter a tradição da família, a loja de confecções que vovô abriu assim que chegou de Portugal. Mas o meu faro de administrador apontava para outra direção. Um dia, perto de atingir o clímax numa sala de espelhos, tive uma grande sacada: a loja de confecções do vovô cuidava da aparência das pessoas. As distintas senhoras da Graça e Ladeira da Barra figuravam na coluna social, ostentando os nossos tecidos. Mas essas distintas senhoras tinham filhas igualmente distintas, que não esperavam mais até o casamento para, assim como eu, deliciarem-se em uma sala de espelhos. E, nos bairros tradicionais, não seria possível abrir motéis, ainda que houvesse uma demanda reprimida para tanto.
­­– Vem cá, menino, no que é que você tá pensando? – Perguntou Roberta enquanto eu refletia com a mão no queixo.
– Afrodite’s, na Avenida Paralela, heheh.
– É o quê, Marcelo? Você é muito doido, viu?
E assim, tive a idéia e montei o empreendimento que me trouxe dinheiro, status e uma esposa nascida em uma família tradicional, digna da coluna social.

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