A festa tava animada. Muita gente veio me dar um abraço. Era meu aniversário. Teve uma hora que eu vi um cara, com um bigodinho, que trazia um embrulho nas mãos. Gelei. Eu sabia o que tinha ali dentro. Quando eu era pequena, lá na roça, papai obrigava a gente a carregar lenha pra botar no fogão. De vez em quando, vinha uma aranha bem grande, aí eu jogava as lenha fora e saía correndo, chorando. Por isso, eu sabia que o cara do bigodinho trazia um monte de aranha naquela caixa. Gelei. Ele me olhava. E sorria.
Eu comecei a suar frio, tentei correr, sei lá, me trancar no banheiro. Mas as minhas pernas não me obedeciam, como num pesadelo. Ele foi chegando perto e eu soltei um grito estridente, medonho. Ninguém me ouviu. Ele abriu a caixa, de onde saíam minúsculas aranhas caranguejeiras, pretas, peludas, de olhos miúdos. Depois eu não sei, já acordei com meu namorado do meu lado, pálido, segurando minha mão.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
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